O Zaka, do site Maglia Rosa publicou uma excelente matéria sobre a equipe Mapei. Vale conferir:
http://www.magliarosa.com.br/2010/11/05/mapei/
Em 1993 quando Giorgio Squinzi, fundador e diretor da empresa italiana Mapei, dedicada ao setor de materiais para construção, decidiu criar uma estrutura ciclistíca para projetar a sua marca e, principalmente pela paixão pelo esporte, jamais pensou que estava diante do nascimento da gigante que reinou durante os anos 90.
A partir da equipe Eldo-Viner e com Fabrizio Fabbri como chefe de equipe, a Mapei entrou no mundo do ciclismo, debutando no Giro d’Italia do mesmo ano, edição que acabaria vencida por Miguél Indurain. Conseguiram a sua primeira vitória no Trofeo Melinda, quando Stefano Della Sannta superou a Mauro Gianetti (curiosamente um dos contratados na temporada seguinte). Essa não foi a única alegria de Fabbri na temporada, já que Della Santa voltou a levantar os braços no Giro di Campania e Fabrizio Bontempi no Giro dei Sei Comuni.
Finalizada a primeira temporada, deu-se o primeiro passo para a criação da gigante com a fusão com a espanhola Clas-Cajasur em outubro de 1993, equipe do suíço Toni Rominger que acabava de vencer sua segunda Vuelta e conseguir um segundo lugar no Tour. Desta união entre os blocos espanhol e italiano nasceu a mais potente equipe do pelotão internacional.
Do lado espanhol chegaram ciclistas como Toni Rominger, Abraham Olano, Fernando Escartín, Federico Echave e Francisco Javier Mauleón, perfil de “vueltomanos” que combinavam muito bem com o perfil de “clasicomanos” que vinha do lado italiano. Se não bastasse, ainda vieram outras contratações como Franco Ballerini, Gianluca Bortolami, Danielle Nardello, Andrea Tafi e Mauro Gianetti. O resultado foi impressionante: 58 vitórias na temporada de 1994, assumindo o primeiro lugar no ranking da UCI. Bortolamin venceu a Copa do Mundo com vitórias no GP de Zurique e Leeds Classic. Rominger conseguiu sua terceira Vuelta consecutiva, além de seis etapas. Seus corredores venceram também a Paris-Nice (Rominger) e o campeonato espanhol (CR e estrada com Abraham Olano), além do recorde da hora com o suíço.
Em 1995 a Mapei absorvei a parte da equipe italiana GB-MG, após a saída dos patrocinadores, mesmo ano que a Clas deixou de patrocinar o ciclismo. Desta maneira, surgiu a denominação Mapei-GB, que incorporou corredores como Johan Museeuw, Wilfried Peeters, Adrianno Baffi e Frank Vandenbroucke. Com a entrada de um patrocinador belga e a direção de Patrick Lefevere, a equipe deu um giro nos objetivos da temporada, fixando firmemente o calendário das clássicas, mas mantendo o bloco espanhol para as provas por etapas.
O resultado fala por si: 81 vitórias. Franco Ballerini ganhou sua primeira Paris-Roubaix e Johan Museeuw a Ronde van Vlaanderen.
O trio Museeuw, Peeters e Vandenbroucke conseguiu nada menos do que 15 clássicas belgas, um poder avassalador. Não bastasse, Tony Rominger vencia na Romandia e no Giro d’Italia. Após um começo ruim de temporada, Abraham Olano ainda conseguiu um segundo lugar na Vuelta, mas o melhor estava por vir.
Após um segundo lugar no Mundial de CR atras de Indurain, Olano venceu o Mundial de Estrada, a primeira para a Mapei. Além disso, Museeuw venceu a Copa do Mundo e a equipe liderou mais uma vez o ranking da UCI.
Na temporada seguinte o plantel continuou melhorando no quesito qualidade, mantendo o bloco de corredores vitoriosos, acrescentando Tom Steels, Giuseppe Di Grande e Paolo Lanfranchi. E os corredores conseguiram o que parecia impossível: melhorar o número de vitórias, com 82 no total. Foram verdadeiras exibições, com o triplete na Paris-Roubaix que resultou uma piada: Leverefe ligou para o patrão faltando 15Km para a chegada, perguntando qual deveria ser a ordem de chegada. Cumprindo os desejos do chefe, Museeuw passou na frente de Bortolami e Tafi.
Mas antes dessa façanha, Tom Steels vencia pela primeira vez com as cores da equipe na Gent-Wevelgem. Olano vence na Romandia, quebrando a maldição do arco-íris e acabou em terceiro no Giro, cedendo a Maglia Rosa na penúltima etapa, nas duras rampas do Mortirolo.
A temporada continuou fantástica com a vitória na Milan-Turin com Danielle Nardello e a conquista do Giro di Lombardia por Andrea Tafi, que venceu também o Giro di Lazio. No final da temporada, Johan Museeuw venceu o Mundial além da Copa do Mundo e novamente a equipe terminou em primeiro no ranking da UCI.
1997 apresentou baixas importantes para a equipe. Olano foi para a Banesto, Tony Rominger foi para a sua última temporada na Cofidis, Andrea Noé passou para a Asics e Gianluca Bortolami foi para a Festina-Lotus. Mas não há mal que sempre dure. Deste modo, vieram Pavel Tonkov, Jan Svorada, Gianni Bugno, Nico Mattan, Stefano Zanini e Oskar Camenzind que vieram para a Mapei e ajudaram a bater o recorde de vitórias numa única temporada para o incrível número de 95 triunfos. Quantidade, mas não qualidade. Não brilharam tanto nas clássicas, mas cabe destacar o segundo lugar de Tonkov no Giro d’Italia com mais 3 etapas. Os sprinters, Svorada e Steels somaram 24 vitórias. Johan Museeuw já não era mais o mesmo, mas mesmo assim venceu os Três Dias de Panne, a Kuurne-Brussels-Kuurne e os Quatro Dias de Dunquerque. Frank Vandenbroucke venceu 9 vezes, entre eles o Tour of Luxembourg. Conseguiram um ano mais permanecer no primeiro lugar do ranking da UCI.
A história da Mapei como conhecemos termina aqui, embora seu nome tenha permanecido como principal patrocinador da equipe até o ano de 2002 (Mapei-Bricobi, Mapei-Quick Step), quando a Quick Step assumiu de vez a conta (2003).