sábado, 24 de setembro de 2011

Análise do Prólogo sobre as seleções favoritas ao mundial



Hushovd comemora o título em 2010
Por Tadeu Matsunaga e Daniel Balsa

Neste domingo, em Copenhague, o último dia do Campeonato Mundial de Ciclismo promete ser de muita emoção, com a elite masculino na disputa pela cobiçada camisa arco-íris.

Os melhores do mundo estarão alinhados na Dinamarca e irão percorrer 266 km até a meta. Muitos são os nomes que podem ser incluídos no hall de favoritos: Cavendish, Gilbert, Sagan e Hushovd (atual campeão mundial) são algum deles.

O Prólogo analisou doze seleções - entre elas o Brasil - destacando os pontos fortes e fracos de cada uma. Faça como nós. Análise, pense, reflita e escolha seu favorito.

Brasil
Depois da gafe do último ano, quando o Brasil teve apenas um representante no masculino, Murilo Fischer, e uma representante no feminino, Márcia Fernandes, sem comissão técnica e apoios necessários para a disputa do Mundial, a delegação chega reformulada à Dinamarca, mas sem seu principal ciclista: Fischer.

Escalação
Rafael Andriato
Gregory Panizo
Otávio Bulgarelli

Ponto forte
Motivação

Com um elenco renovado e três estreantes na competição – Panizo, Andriato e Bulgarelli – a certeza é que vontade não faltará à equipe brasileira. Sem pretensões de figurar entre os ponteiros, o objetivo é figurar em uma fuga. O principal nome do time é Andriato, no entanto, o percurso de 266 km deve ser desgastante para o time.

Ponto fraco
Ausência de Fischer

Quinto colocado no Mundial de 2005, Murilo Fischer (principal nome do ciclismo nacional na atualidade) teria chances de lutar por mais uma boa colocação na prova, tendo como gregários Andriato e Panizo. A lesão do brasileiro na Vuelta a España só permitirá seu retorno no Pan de Guadalajara.



Grã-Bretanha
Detém o favoritismo em uma equipe recheada de sprinters, além de ter o melhor velocista do mundo: Mark Cavendish. O percurso se encaixa perfeitamente em suas características e pode quebrar um jejum de 46 anos sem uma camisa arco-íris.

Escalação
Mark Cavendish
Bradley Wiggins
Stephen Cummings
Chris Froome
Jeremy Hunt
David Millar
Ian Stannard
Geraint Thomas

Ponto forte
Time de velocistas

Com a base do time partindo da Sky e aliado ao talento de Mark Cavendish, a equipe britânica têm uma grande chance de se tornar campeão mundial. Conquistou a vitória no teste olímpico, chega motivado e, sem dúvida, é o principal candidato ao título. Se o circuito torna-se muito duro para ele, Wiggins, Froome e Millar podem se tornar protagonistas.

Ponto fraco
Os outros

Como em todo e qualquer esporte, a tônica é de que a principal ameaça seja anulada. Cavendish será marcado e terá sprinters talentosos em seu alcanço. Ele parece lidar bem com a pressão, mas o Mundial pode trazer um peso maior ao britânico.



Noruega
Vive um dos melhores momentos no ciclismo em sua história. Tem o atual campeão mundial, Thor Hushovd, e venceu quatro etapas no Tour de France – duas com Thor e duas com Edvald Boasson Hagen. Os noruegueses chegam a Copenhague cheios de moral e devem figurar na briga pela camisa arco-íris.

Escalação
Thor Hushovd
Edvald Boasson Hagen
Kurt Asle Arvesen
Gabriel Rasch

Ponto forte
Dois líderes

Apesar de Thor Hushovd ser o atual campeão mundial, a Noruega também tem Edvald Boasson Hagen. Os dois vivem bons momentos e venceram duas etapas cada no Tour de France.

Ponto fraco
Má fase dos gregários

Kurt Asle Arvesen e Gabriel Rasch, escalados para ajudarem Thor e Hagen, não vivem uma boa temporada e podem sucumbir quando forem exigidos, desamparando seus líderes.



Alemanha
Um dos conjuntos mais fortes do Campeonato Mundial e com inúmeras opções para lutar pela vitória. Greipel e Kittel podem incomodar em uma provável chegada no sprint, enquanto Tony Martin é um nome para fugas e ataques que antecedem a meta. Mescla jovens valores e experiência

Escalação
Andre Greipel
Marcel Kittel
Bert Grabsch
Danilo Hondo
John Degenkolb
Andreas Klier
Chris Knees
Tony Martin
Marcel Sieberg

Ponto forte
Versatilidade

O time alemão tem condições de jogar com várias possibilidades para conquistar a camisa arco-íris. Seja no sprint, fuga ou contra-ataques, a certeza é que os germânicos prometem incomodar e gregários não faltam para os planos do time. O campeonato de contrarrelógio já foi assegurado.

Ponto fraco
Ego 

Levando em consideração o perfil altimétrico, a tendência é que o título seja definido no sprint, onde sobram opções para a Alemanha (Kittel, Greipel e Degenkolb, mas a harmonia entre os líderes pode ser uma fator decisivo para o sucesso da equipe



Itália
Pela primeira vez em muitos anos, os italianos entram na estrada sem o rótulo de favoritos. Depois do tricampeonato entre 2006 e 2008 (dois títulos com Paolo Bettini e um com Alessandro Ballan), eles foram muito marcados em 2009 e viram Filippo Pozzato fraquejar no sprint final da prova do ano passado e agora terão de se contentar com o irregular Daniele Bennati como líder da Azzurra. Ao lado do ciclista da Leopard-Trek, uma série de competidores jovens que estão em busca de mostrar o seu valor.

Escalação
Daniele Bennati
Francesco Gavazzi
Sacha Modolo
Daniel Oss
Luca Paolini
Manuel Quinziato
Matteo Tozatto
Giovanni Visconti
Elia Viviani

Ponto forte
Paolo Bettini, diretor-técnico

Foi um dos maiores ciclistas de Clássicas da história e, certamente, usará seu conhecimento em provas de um dia para que a Itália não seja coadjuvante na prova.

Ponto fraco
Nem tão líder assim...

A temporada de Daniele Bennati está aquém do cargo que irá exercer nesse Mundial – o de líder da Azzurra. Ex-ciclistas lendários, como Mario Cipollini e Francesco Moser, “cornetaram” o sprinter e sugeriram que a Itália não deveria tê-lo como principal arma na prova.



Bélgica
O Mundial é uma prova de um dia, certo? Então, os torcedores belgas devem estar animados. Afinal, seus ciclistas dominaram as Clássicas desse ano. Além de Philippe Gilbert e suas incontáveis vitórias, Johan Vansummeren venceu a Paris-Roubaix e Nick Nuyens o Tour de Flanders.

Escalação
Kevin de Weert
Philippe Gilbert
Olivier Kaisen
Björn Leukemans
Klaas Lodewyck
Nick Nuyens
Jurgen Roelandts
Greg van Avermaet
Johan Vansummeren

Ponto forte
Muitas opções de vitória

A Bélgica não é só “Big Phil”. Está repleta de cartas para jogar no Mundial, como Nick Nuyens, Johan Vansummeren, Greg van Avermaet, entre outros. Provavelmente, eles irão com uma estratégia ofensiva para que a previsão de chegada em sprint não se confirme.

Ponto fraco
Falta sprinter

Muito se fala sobre a possibilidade de uma chegada em sprint massivo. Nessas condições, a Bélgica tem chances reduzidas de vitória, pois não tem um sprinter para bater guidão com Mark Cavendish, Andre Greipel, Thor Hushovd e outros. Neste cenário, o time pode sentir falta de Tom Boonen.



Eslováquia
O time eslovaco vai a Copenhague com apenas três ciclistas, mas não se pode descartar o jovem Peter Sagan, que aos 21 anos não é mais uma promessa. O competidor da Liquigas-Cannondale vem do título da Volta da Polônia, três etapas da Vuelta a España e da vitória no GP di Prato e ainda terá o auxílio de dois bons ciclistas: os irmãos Martin e Peter Velits.

Escalação
Peter Sagan
Peter Velits
Martin Velits

Ponto forte
A força de Sagan

Com 15 vitórias no ano, o eslovaco é o segundo maior vencedor da temporada – só perde para Philippe Gilbert. A camisa arco-íris seria prova de que o jovem de 21 anos já é uma realidade no ciclismo.

Ponto fraco
Apenas três

Sagan e os irmãos Velits são ciclistas muito respeitados no pelotão, mas com apenas três ciclistas, a estratégia das outras equipes – com até nove competidores – pode reduzir as chances da Eslováquia.



Espanha
Uma equipe experiente e com quatro dos nove ciclistas da Rabobank (Freire, Barredo, Garate e Leon Sanchez). Tricampeão mundial, Oscar Freire é a única opção para o sprint. Nomes como Joaquim Rodriguez e Samuel Sanchez ficaram de fora.

Escalação
Oscar Freire
Joaquin Rojas
Luis Leon Sanchez
Vincent Reynes
Pablo Lastras
Carlos Barredo
Juan Antonio Flecha
Imanol Erviti
Juan Manuel Garate

Ponto forte
Equilíbrio

Com três títulos em Mundiais, Freire é a chave para o sucesso da dos espanhóis. Aos 36 anos, ele tem motivação de sobra para lutar por sua quarta camisa arco-íris, já que pode ser seu último ano como profissional. Serão oito gregários para o veterano lutar pelo tetracampeonato.

Ponto fraco
Nível dos sprinters

Nomes de peso não faltam, mas, em contrapartida, os dois principais sprinters do time (Freire e Rojas) podem ser considerados “secundários” se comparados a nomes como Cavendish, Sagan e Greipel.



Austrália
Depois de uma longa jornada, a Austrália conquistou o título, em 2009, com Cadel Evans, que não estará presente na Dinamarca. O elenco deste ano é poderoso, mas também apresenta uma certa controvérsia com a ausência de Mark Renshaw.

Escalação
Simon Clarke
Matt Goss
Baden Cooke
Simon Gerrans
Heinrich Haussler
Matt Hayman
Stuart O´Grady
Chris Sutton
Michael Rogers

Ponto forte
Espírito de equipe

Goss é o líder da equipe, que reconhecidamente tem força na luta pela camisa arco-íris. A dupla da Sky, com Hayman e Rogers, será um dos alicerces para um trabalho a favor de Goss, que conquistou o título da Milão-São Remo neste temporada.

Ponto fraco
Falta o sprinter nato

Mesmo com a força de Matt Goss, os australianos não tem um velocista puro no time. Talvez essa ausência fosse menos sentida com a presença de Renshaw, que foi boicotado por não ter fechado com a GreenEdge. Os australianos podem dar um tiro no próprio pé.



Holanda 
O time holandês faz uma aposta arriscada e opta por passistas e escaladores, deixando de fora Theo Bos, que teoricamente seria a melhor aposta para os sprints. Com isso, Lars Boom deverá ser o líder da equipe.

Escalação 
Lars Boom
Johnny Hoogerland
Steven Kruijswijk
Wout Poel
Bauke Mollema
Pim Ligthart
Niki Terpstra
Marteen Tjaliingii
Pieter Weening

Ponto Forte
Base da Rabobank

A maioria dos ciclistas integra o plantel da equipe ProTour. O entrosamento e os ciclistas de apoio são fatores positivos. Boom, que sagrou-se campeão na Volta da Grã-Bretanha, chega motivado. Devem apostar nos ataques e fugas.

Ponto fraco
Sem velocistas 

Sem Theo Bos, a equipe comandada por Leon van Vliet, não terá chances de título em uma chegada no sprin. O técnico deixou claro que, para ele, Bos precisa amadurecer e mostrar um pouco mais para ser o líder do país em um Campeonato Mundial



Suíça
Fabian Cancellara é a esperança da Suíça, mas tem enfrentando uma temporada irregular neste ano. Não venceu nenhuma etapa em grandes voltas e perdeu a hegemonia no contrarrelógio para Tony Martin. Apesar disso tudo, não pode ser descartado. Eleito o melhor ciclista de 2010, ele não desaprendeu a pedalar. Ele ainda contará com o auxílio dos combativos Michael Albasini e Martin Kohler nessa missão.

Escalação
Michael Albasini
Fabian Cancellara
Martin Kohler
Grégory Rast

Ponto forte
O currículo Cancellara

Vencedor de sete etapas no Tour, quatro na Vuelta, dono de duas Paris-Roubaix e diversas outras clássicas, além de possuir um ouro e uma prata olímpica. Dá para descartar Fabian Cancellara da briga pela camisa arco-íris?

Ponto fraco
A mente de Cancellara

O suíço anda se questionando muito sobre sua continuidade no ciclismo. Ele não ficou nada satisfeito com a fusão da RadioShack e Leopard-Trek e não esconde esse desânimo.



Estados Unidos
Tyler Farrar é o líder da seleção norte-americana, bastante renovada com relação aos outros anos. Os medalhões, como Levi Leipheimer, Dave Zabrieske e George Hincapie, ficaram de fora e, exceto por Jeffry Louder, nenhum ciclista tem mais de 30 anos.

Escalação
Brent Brookwalter
Matther Busche
Timothy Duggan
Tyler Farrar
Benjamin King
Jeffry Louder
John Murphy
Taylor Phinney
Andrew Talansky

Ponto forte
A potência de Tyler

Se o circuito favorece para uma chegada em sprint massivo, Tyler Farrar deve ser apontado como um dos favoritos. No ano em que venceu pela primeira vez no Tour de France, o sprinter da Garmin-Cérvelo conta com uma numerosa equipe para controlar a corrida.

Ponto fraco
Mas quem embala?

Os Estados Unidos irão levar praticamente oito gregários para trabalharem por Tyler Farrar, mas carece de um embalador para o norte-americano, que pode acabar trancado no final.

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