sábado, 10 de setembro de 2011

Política e esporte


Política e esporte jamais deveriam se misturar. Isso é definitivo. E essa certeza desde meus tempos de criança quando assisti aos Jogos Olímpicos de Moscou.
Política e ciclismo então, nem se fala. Embora seja uma certeza, sempre temos algum imbecil tentado usar o esporte (o ciclismo especificamente) como uma ferramenta de divulgação de suas idéias.
Vejam o exemplo do recém criado Giro di Padania.
Essa prova foi criada por Umberto Rossi, fundador e secretário geral da “Liga Norte”, um partido político italiano que congrega vários partidos nacionalistas e separatistas das regiões mais ao norte da Itália, num movimento chamado “nacionalismo padano”: Emilia-Romana, Friuli-Veneza, Liguria, Lombardia, Marcas, Piemonte, Toscana, Trentino, Umbria e Vêneto.
Não sou o expert no assunto e, esse movimento pouco ou nada me interessa, mas basicamente o  que eles defendem é a descentralização do poder, dentre outras coisas, sempre acusando o sul do país de ser um parasita, exigindo romper o país em dois (lembrem-se que o norte da Itália é a região rica, e o sul a “pobre”).
Justamente no ano em que os 150 anos da unificação italiana estão sendo comemorados, esse cidadão  teve a idéia de criar uma prova por etapas pelas regiões acima citadas para divulgar seus pensamentos e diretrizes políticas.
Desde o início a prova esteve marcada pelas críticas e protestos quanto a sua realização. Apesar disso a prova foi confirmada, começou e continua.
Cartazes, gritos e, principalmente, barreiras nas estradas estão sendo as maneiras que a população contrária a idéia encontrou para protestar. Evidentemente que, assim como aqui, lá os políticos são oportunistas, e o Partido Comunista e alguns sindicatos são as forças mais fortes, colocando “civis inocentes” na linha de frente da batalha.
Vários incidentes, como na passagem por Savona, onde um carabinieri foi atropelado e um corredor da Colnago-CSF, Sonny Colbrelli foi agredido por um manifestante.
“Nós somos ciclistas e empregados, chegamos a esta corrida para competir e só pedimos que o público nos permita fazer o nosso trabalho”, exige Sacha Modolo, vencedor de duas etapas.
“Alguém foi mais além das palavras e passou a agressão física. Para nós, estas condutas são inaceitáveis, treinamos e nos esforçamos cada dia para correr, não aceitamos que nossos esforços sejam frustrados desta maneira”, recrimina Ivan Basso.
E, demonstrando uma grande clareza, Gianni Bugno, presidente do sindicato dos ciclistas profissionais (CPA), o evento deveria ter sido bloqueado desde o início, pois todos sabiam que a corrida estava vinculada a um partido político muito diferente. “Deveriam ter dito que não. Todo mundo deveria ter dito que não”.
Mas como dizia um falecido político brasileiro, a UCI liberou a corrida sabe-se lá por quais interÉ$$es.
Fonte: Zaka - magliarosa.com.br

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