terça-feira, 27 de setembro de 2011

Reciclagem na seleção italiana



Apesar das críticas, Bettini segue como técnico
Por Fernando Bittencourt

O presidente da Federação Italiana de Ciclismo, Renato di Rocco, confirmou nesta terça-feira que confia no trabalho de Paolo Bettini e assegurou o ex-ciclista bicampeão italiano no cargo. A decisão do dirigente, no entanto, visa dar prosseguimento a uma reformulação já iniciada no ciclismo local, que almeja recolocar a Itália entre a elite ciclística mundial e recuperar o orgulho e a superioridade antes vista com ciclistas como o próprio Bettini, campeão olímpico de estrada em 2004 e mundial em 2006 e 2007.

A performance realizada pela seleção italiana na prova masculina de estrada no Campeonato Mundial, realizado no último domingo (25), abaixo da expectativa do público italiano, desapontou os fãs do time presentes em Copenhague, na Dinamarca, o que gerou polêmica entre torcedores e até ídolos do país.

Bettini, que construiu a equipe ao redor do líder, o sprinter Daniele Bennati - que acabou concluindo a prova na 14ª colocação -, foi criticado pelos ex-ciclistas Giuseppe Saronni e Mario Cipollini por conta da escalação e da tática para a prova. A Azzurra não realizava uma campanha tão ruim em um Mundial desde 1983, quando o próprio Saronni concluiu a prova na 19ª posição em Altenrheim, na Suíça.

A Itália concluiu a competição com a medalha de ouro de Giorgia Bronzini na prova de estrada feminina – muito pouco para um país com esta tradição no ciclismo. No entanto, Di Rocco prometeu que, em breve, a Itália recuperará a desvantagem técnica visível perante as demais nações superiores no último campeonato.

“Acreditamos plenamente em Bettini, assim como em todos os técnicos italianos e esperamos que ter sucesso sempre, assim como o time feminino, que demonstrou uma conduta, disciplina e uma forma de trabalhar que provou ser campeã”, disse o dirigente italiano em um comunicado oficial da Federação Italiana de Ciclismo.

Di Rocco tem planejado uma reformulação em sua seleção durante os últimos meses se espelhando na Grã-Bretanha e na Austrália, tentando agregar valores entre ciclistas de pista e estrada, uma vez que a Itália, embora tenha muita tradição em provas de estrada, provavelmente contará com apenas um atleta de pista para os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.

Além disso, Bettini tem lutado contra a regra interna que proíbe atletas flagrados no exame antidoping – suspensos por mais de 6 meses – de disputarem competições por seu país. A ausência de Alessandro Petacchi no Mundial, por exemplo, obrigou o técnico a convocar atletas menos experientes e mais jovens do que o ideal.

“Sabemos que as decisões tomadas pelo Conselho Federal exigem uma mudança na mentalidade e isto demora a acontecer. Ninguém apostou que tudo aconteceria imediatamente e os resultados obtidos no Campeonato Mundial indicam que estamos em uma fase de transição. Apesar dos erros cometidos e de nossas limitações, a prova de estrada masculina nos mostrou que passaremos por uma mudança cultural, que nos ajudará a integrar diferentes disciplinas, como outros países atualmente mais avançados têm feito”, finalizou Bettini.

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