quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Como se fez o TDU



Por Tadeu Matsunaga

No Brasil, é comum a dificuldade para a realização de provas de ciclismo. Muitas não obtem recursos suficientes, outras sofrem com a falta de planejamento. Motivos são os mais variados por aqui. Mas existem países que conseguem expandir seu vínculo com o esporte, além de criar uma identidade com a população. Assim é na Austrália.

O país, que atualmente viu seu compatriota Cadel Evans vencer o Tour de France, acompanha pelo 14º ano consecutivo o Tour Down Under. Hoje a competição conta com a presença de equipes e ciclistas de primeiro nível e já se tornou tradicional na Austrália, mais precisamente em Adelaide.

A cidade recebeu o Grande Prêmio de Fórmula 1 por uma década (de 1985 a 1995), mas viu a “menina dos olhos” migrar para Melbourne, que também recebe o Australian Open de Tênis. A situação gerou um grande incômodo nas autoridades locais, que tinham no automobilismo uma fonte de visibilidade e também turismo.

Na busca por outra evento esportivo e de relevância internacional, as autoridades da região sul do país criaram o Major Events Australia (AME) para identificar eventos que pudessem efetivamente substituir a perda do GP de Fórmula 1. A prova de ciclismo foi a principal alternativa encontrada pela entidade.

Com os conselhos do ex-medalhista olímpico Mike Turtur, que propôs uma alternativa para que os ciclistas ficassem em Adelaide, mas competindo em localidades vizinhas, também foi escolhida a locação. Foi sugerida uma corrida com 5 etapas de, no máximo, 150 km. A corrida foi encaixada no mês de janeiro pela UCI.

Nos primeiros anos, os ciclistas tratavam a prova como uma espécie de feriado prolongado, sem muito comprometimento, além de se queixar das altas temperaturas. O índice de dificuldade (em nível de prova) não era dos maiores e com a falta de grandes equipes, os australianos tinham a oportunidade de brilhar com freqüência no Tour.

Depois de alguns anos, Turtur começou a ter um retorno maior da prova. Os ciclistas chegavam com antecedência na Austrália. O planejamento havia dado certo. E a prova ainda oferecia uma espécie de “aproximação” do público com os atletas, que sempre se colocam acessíveis, dão autógrafos e assim por diante.

Os estágios se tornaram um deleite para os grandes sprinters, assim como para aqueles que buscam preparação para as clássicas da primavera.

Em seu primeiro ano, o Tour Down Under teve um investimento pouco abaixo de dois milhões de dólares. O que é semelhante ao valor que era oferecido a Lance Amrstrong só como taxa de visibilidade em algumas provas. Algumas mídias e políticos criticaram esse investimento na despedida de Lance, em 2011, mas virão que o retorno para Adelaide foi válido.Aumentou o foco da mídia e o interesse do espectador.

Atualmente, os organizadores promovem o Challenge Tour, onde é possível correr junto com os ciclistas. O número é limitado, cerca de 2.500 pessoas, mas comprova a força do Tour Down Under nos dias de hoje, que hoje é uma prova de tradição do calendário UCI e tem status ProTour.

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