terça-feira, 15 de novembro de 2011

A emoção do aleatório


Na primeira edição do Tour de Beijing desse ano aconteceu um evento bizarro. Yannick Eijssen, belga da BMC, teve que abandonar a corrida depois que um helicóptero voou baixo demais e acabou derrubando, com o vento gerado, uma placa de propaganda. A placa o acertou, jogando-o no chão e forçando-o a abandonar a corrida. Sem dúvida nenhuma uma pena, mas algo natural de se ver no ciclismo.
No Tour de France desse ano uma criança distraída ficou muito próxima da avenida enquanto o pelotão passava. O resultado todo mundo deve se lembrar. O Contador com certeza não esqueceu.
Temos também a clássica cena no Tour de France de 2003, na 15º etapa, quando Lance Armstrong vai ao chão depois de prender seu guidon em uma sacola de um telespector, e leva junto Iban Mayo. Ulrich escapa por pouco. É a foto da capa deste post.
O aleatório talvez seja uma das partes mais constantes de uma corrida de bicicleta, e um dos responsáveis pelo esporte ser tão emocionante. São eventos extraordinários que acontecem em momentos chave das disputas e podem mudar toda a história da prova. Talvez apenas no ciclismo o imprevisível seja tão relevante.
Já imaginou um jogo de tênis em que, no momento de um saque decisivo, Rafael Nadal tivesse que se desvencilhar de um schnauzer mordendo sua canela? Ou na F1 se o piloto tivesse que calcular uma ultrapassagem e a possibilidade de encontrar uma Kombi estacionada no lugar errado na saída da curva? Por mais improvável e impossível que isso possa parecer nesses esportes, no ciclismo é normal.
Até a postura da UCI com relação a isso é pragmática. O risco existe, e há de se viver com ele. Sem muito o que fazer, a não ser cercar os km’s finais de uma corrida e tentar eliminar alguns obstáculos durante o percurso, como quebra-molas e placas de sinalização. No mais, é bom que cada um leve seu amuleto da sorte.
O ciclismo não é um jogo de matemática onde os números podem sempre prever o melhor. Nele, a paixão e a vontade tem um estranho poder de subverter a lógica. O aleatório também. Assim como na vida. Talvez por isso seja tão bom.
Fonte: Cycling Rocks

Nenhum comentário:

Postar um comentário