sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mobilidade


Já é ponto pacífico que andar de bicicleta faz bem para todo mundo. Quem anda fica mais saudável, o ar das cidades melhora e as ruas ficam mais vazias, facilitando para quem realmente precisa do carro.
Apesar de todos os benefícios, ainda é difícil conscientizar as pessoas. E por vários motivos: faltam ciclovias, falta apoio do governo, preguiça, falta de acesso a bicicletas, e por aí vai.
Talvez uma das formas mais eficientes e rápidas de convencer a população dos benefícios da magrela seja através de ações governamentais. Um aumento significativo no número de ciclovias, campanhas para conscientização da população, bicicletas públicas – como a Velib de Paris – disponíveis em vários pontos da cidade poderiam surtir efeito muito mais rápido do que imaginamos. Mas aí entra um outro problema, o financeiro.
Carro faz mal, mas gera receita para o governo. Gera enormes prejuízos para a sociedade em termos de tempo perdido no transito e poluição. Mas os benefícios com a arrecadação de impostos são mais facilmente quantificáveis que estes.  E talvez seja esse um dos motivos da morosidade dos governos em incentivar mais o uso das bicicletas. Até agora.
Um estudo de cientistas da Universidade de Wisconsin sobre os benefícios de se trocar o carro pela magrela em trajetos menores que 8km achou valores expressivos para os cofres públicos.  Combinando dados de poluição do ar, custos médicos, taxas de mortalidade, acidentes de transito e forma física, os pesquisadores descobriram que trocar o carro por uma bicicleta economizaria aos cofres públicos $3.8 bilhões de dólares. Isso devido a diminuição dos gastos médicos associados a uma melhora na forma física das pessoas e a uma menor taxa de mortalidade devido a acidentes de trânsito. Outros $3.5 bilhões poderiam ser economizados pelo Sistema de Saúde somente pela melhora na qualidade do ar.
Os dados se referem à sociedade americana, mas os critérios escolhidos pelos pesquisadores são bastante conservadores. A pesquisa assume que as pessoas somente utilizariam as bicicletas durante 4 meses por ano, pois condições climáticas impediriam o uso no restante do ano. Assume também que somente metade do deslocamento diário seria feito de bicicleta, ou seja, 4km por dia.
Esses critérios tornam a pesquisa bastante interessante para nós. Mesmo percorrendo trajetos predominantemente planos, muitas pessoas não aceitariam usar bicicletas em pleno verão, com a temperatura beirando os 30°C logo pela manha. Dias de chuva também espantariam muita gente. Mas durante 4 meses por ano, nos meses de outono-inverno, a temperatura é amena em grande parte do Brasil e praticamente não chove. O uso da bicicleta durante esse período não ia fazer ninguém chegar pingando no trabalho. Nem mesmo suado, mesmo que esteja usando um terno. E além dos benefícios para a saúde, você ainda economizaria alguns trocados em gasolina. Além dos benefícios individuais, poderia economizar alguns bilhões aos cofres públicos. Nada como a arrecadação tributária com os automóveis, mas já é um argumento bastante tangível, não acha?
Somem-se a isso ciclovias percorrendo as principais ruas e pontos para aluguéis de bicicletas espalhados pela cidade, e o cidadão não precisaria nem separar um espaço na garagem de casa para guardar a magrela. E de repente a idéia fica bastante atraente. Basta só um incentivo.

Fonte: Cycling Rocks

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