Bidons, ou a famosa garrafinha. Parece que agora a UCI quer opiniar até sobre isso. Em um email divulgado na semana passada, o coordenador de tecnologia da UCI, Julien Carron, afirmou que os comissários vão averiguar a partir de 2013 o posicionamento e as dimensões das garrafinhas usadas durante as provas.
A nova regra – artigo 1.3.024 – somente permite que as garrafinhas sejam posiconadas no down tube ou no seat tube. Garrafinhas atrás do
selim (como as usadas no triathlon), no avanço ou em qualquer outra parte da bicicleta ou atleta serão proibidas. Outro ponto interessante é que as garrafinhas não mais poderão ser
integradas com os quadros, devendo ter uma separação entre elas e o quadro na parte em que são presas. Esse trecho tem como endereço aquelas garrafas aeros usadas nas bicicletas de contra-relógio. A UCI também determinou tamanho e volume para as garrafas. A partir de 2013 o volume mínimo deverá ser de 400ml e o máximo, de 800ml.
O motivo para isso é que a UCI acredita que cada vez mais as garrafinhas estão sendo usadas não como fonte para o atleta se rehidratar, e sim como ferramenta aerodinâmica para facilitar ganhos marginais nas provas – tanto nas bicicletas quanto nos atletas. No começo do ano, no Critérium Internacional, Frank Schleck levou isso ao extremo usando um Camelbak em sua barriga, por baixo do uniforme, para melhorar sua aerodinâmica. Bastante bizarro, inclusive, mas ele ganhou a prova. E é de olho nesse tipo de exagero que a UCI resolveu colocar ordem na casa. Dependendo da geometria do quadro e da garrafa, o fluxo de ar na roda traseira melhora quando a garrafa certa é colocada no seat tube. E no final de uma prova longa isso pode valer alguns segundos.
Vi muita gente criticando a postura da UCI, que há anos parece trabalhar contra o desenvolvimento de novas tecnologias para as bicicletas, sejam elas relacionadas ao material, peso, ou recursos aerodinâmicos. Mas isso muito me lembra o que a FIA faz na Fórmula 1, criando restrições para tecnologias que deixem os carros com grandes diferenças uns dos outros. Tudo bem que no caso do ciclismo as diferenças são apenas marginais, e ninguém vai ganhar uma prova por causa de uma garrafinha aero, mas ainda assim a UCI insiste no conceito de que o que vale é a força do atleta.
Em muitos casos eu sou contra essas posturas da UCI. A limitação de peso nas bicicletas e a proibição de freios a disco para mim são duas restrições sem sentido. No entanto, no que se refere a essa regra específica da garrafinha, não vejo muito do que reclamar. Na verdade, acho bastante justa. Com toda a choradeira das equipes profissionais sobre os custos de um ProTeam, ter mais uma peça específica para desenvolver, e limitar seu uso somente a um tipo de quadro, para ter um ganho apenas marginal, é algo que não vale a pena nem para as equipes, nem para os atletas amadores – 99% do mercado – que não ganham nada com isso, só despesas.
No mesmo email veio outra resolução importante: o alinhamento dos selins paralelos ao chão. Em tempo, um selim com a ponta levemente inclinada para baixo, em uma bicicleta de contra relógio, propicia um ganho ao atleta na medida em que oferece apoio lombar. O atleta pedala contra o selim para equilibrar a força gerada pela extensão da perna durante o giro do pedal. Pois bem, isso gerou uma bela confusão nesse ano, pois os selins são curvados e não havia um ponto de referência bem definido para alinha-los paralelos ao chão. Agora a UCI criou uma metodologia que explica como a regra será aplicada. Sendo assim, a lei será aplicada de forma igual para todos, e isso é sempre bom.
Fonte: Cycling Rocks