L'Equipe divulgou um material sigiloso
O jornal francês L’Equipe divulgou nesta sexta-feira um material da UCI elaborado para a ajuda ao combate ao doping durante o Tour de France 2011. A reportagem expõe uma lista com os atletas inscritos na prova e o nível de atenção que o controle antidoping da UCI e da Wada deveria ter com cada um deles após a análise do exame de sangue realizado em cada um dos 198 ciclistas antes do início da prova.
Essa lista era secreta e exclusiva para controle interno das entidades, mas a informação vazou e agora foi exposta ao público, para indignação da UCI e dos atletas.
A lista é subjetiva e não tem nenhuma relação direta com indícios de dopagem. Como o controle antidoping pode ser aleatório, ela ajuda a escolha dos atletas que serão avaliados em exames surpresa. Ela considera, porém, as informações obtidas pelo passaporte biológico, programa antidoping que considera as variações de índices fisiológicos dos atletas durante o ano.
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Apenas dois ciclistas tinham nível de alerta máximo de atenção. O ucraniano Yaroslav Popovych (Radioshack) e o espanhol Carlos Barredo (Quick Step). Em geral, a lista mostrava uma confiança no pelotão, sendo 49 nomes com nível zero e outros 28 com nível 1.
Entre os candidatos ao título, Alberto Contador tinha nível 5, Lance Armstrong e Cadel Evans, nível 4. O vice-campeão do Tour, Andy Schleck e o campeão do Giro, Ivan Basso receberam nível 3. O russo Denis Menchov foi avaliado como nível 9.
Como prova de que o ranking é subjetivo, Xavier Florêncio, da então Cervélo, foi cortado da competição preventivamente pela equipe e cotado com nível 1 pela UCI.
A entidade máxima do ciclismo vai apurar sobre o vazamento da informação e promete tomar as atitudes cabíveis contra a exposição exagerada dos ciclistas.
O vazamento cria uma barreira para o projeto do Passaporte Biológico, já que a exposição desses números – por atletas e equipes – fere o princípio de confidencialidade do programa.
Pelo Twitter, muitos ciclistas se manifestaram com a publicação dos resultados. Bradley Wiggins, ciclista britânico, brincou: “Revisem isso, está frio”. O australiano Robbie McEwen foi mais enfático. “Por favor UCI, explique-se. A pergunta que não cala: intencional, incompetência ou corrupção”, diz.
Já Mark Cavendish fala sobre o estereótipo do doping no ciclismo. “Então somos cotados de 1 a 10 sobre a possibilidade de doping. Além de todos sermos suspeitos de doping, agora somos suspeitos em níveis diferentes? Bobagem”.
Em uma análise póstuma do evento, nada comprova uma atitude enfática da UCI ou da Wada em relação a um possível tratamento diferenciado com base nessa lista. Nem uma relação dos rankings com positivos. O único flagrante da edição passada foi do espanhol Alberto Contador, por clembuterol, e que permanece sob júdice.
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