terça-feira, 8 de novembro de 2011

A descrença de uma bicampeã mundial



Giorgia Bronzini no pódio do Mundial
Por Fernando Bittencourt

A bicampeã mundial de estrada Giorgia Bronzini deu declarações polêmicas sobre a falta de reconhecimento para com as ciclistas italianas, nesta segunda-feira (7), compartilhando a mesma opinião da campeã italiana Noemi Cantele, que trouxe o assunto à tona na semana passada. A Itália venceu quatro dos últimos cinco Mundiais disputados, dois deles com Bronzini, que demonstrou indignação ao comparar o ciclismo feminino com o masculino, que desde 2008, quando houve a vitória de Alessandro Ballan, não triunfa na prova.

“As mulheres dão mais ao ciclismo italiano do que recebem. O ciclismo feminino tem crescido muito na Itália e o aumento dos números remete tanto às praticantes como aos resultados obtidos, o que representa o inverso do que ocorre no masculino”, disse a ciclista que também conquistou a medalha de bronze em 2007, quando Marta Bastianelli venceu a prova. A quarta vitória italiana foi obtida por Tatiana Guderzo, em 2009.

“Há uma falta de estrutura, planejamento e administração dos times, além da falta de investimento. Outros países já conseguiram enxergar e entender a melhora no ciclismo feminino, o que ele pode gerar e a imagem que ele pode passar. Há uma organização capaz de fazer muito em todos os setores, no entanto, isso não é o bastante”, reforçou a atual dona da camisa arco-íris.

Um grande número de times europeus conta com equipes femininas, assim como os EUA, com a Garmin-Cervélo e a HTC-Highroad, por exemplo. Porém, tal investimento não ocorre da mesma forma em território italiano, apesar dos bons resultados obtidos por suas atletas.

Apesar disto, Bronzini retornará à equipe Diadora-Pasta Zara, exceção na Itália, que tem uma forte ligação com os principais patrocinadores da Geox-TMC. A MCipollini-Giambenini, por sua vez, também mantém laços estreitos com a Farnese-Vini.

Por conta disto, após conquistar o segundo título mundial, a atleta se aproveitou da situação para dar um conselho às ciclistas que estão pensando em ingressar no esporte. “Se você está pensando em iniciar a carreira de ciclista, desista e mude de esporte, pois não há reconhecimento. Há duas possibilidades plausíveis para contornar a situação: a primeira é virar militar, já que eles providenciam um salário e a segunda é se preparar para passar fome. Não há comparação com o tênis, o basquete, o vôlei, o esqui e a natação, por exemplo”, ironizou a ciclista. “Porém, se houver bastante desejo e paixão, o ciclismo pode proporcionar sentimentos únicos, mas não é fácil para uma mulher aguentar tantas coisas em uma carreira de 14 ou 15 anos”, prosseguiu Bronzini.

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