domingo, 2 de outubro de 2011

Garmin Vector


Os medidores de potência são a melhor ferramenta para orientar um ciclista em seus treinamentos e corridas. Os dados da leitura do medidor – os watts gerados – são reais, ou seja, não dependem do relevo, clima, humor do ciclista nada. Digo isso porque medidores de freqüência cardíaca, apesar de largamente utilizados, muitas vezes não fornecem um dado “real”. A hidratação, o calor, o humor, remédios, tudo pode interferir na sua freqüência cardíaca mudando suas zonas alvo. Por isso que é sempre bom contextualizar os dados dos monitores cardíacos com a condição do treino e do atleta no dia.
O medidor mais conhecido, e o mais usado pelos profissionais, é o alemão SRM (Schoberer Rad Messtechnik), que mede a potencia (torque) através da força despejada no pedivela. Também é o mais preciso. Mas como tudo que é bom normalmente é muito caro ou proibido, os SRMs não podiam sair dessa regra. O brinquedo custa em média $2.100 dólares, o modelo mais simples. Uma outra opção bastante precisa e que custa a metade do preço é o Powertap, da Cyclops. A diferença é que ao invés de usar um pedivela especial, o sistema usa um cubo na roda traseira para coletar os dados de potência. O porém é que, além de serem caros, esses medidores são relativamente pesados (podem passar de 500g) e os dados requerem um pouco de estudo para serem bem interpretados.
Ainda assim parece que o mercado anda crescendo bastante e tem muita gente grande atrás de uma fatia do bolo. SRAM e Garmin adquiriram nos últimos anos empresas especializadas no desenvolvimento desses medidores para criar uma linha precisa o suficiente para competir com os tradicionais SRM e Powertap.
A SRAM já tem a linha de pedivelas Quarq, compatíveis com a freqüência ANT+, que oferecem uma medição bastante honesta. Custam em torno de $1500 dólares, fora o receptor, que pode ser qualquer um compatível com a freqüência (Polar, Garmin, etc).
A Garmin comprou uma empresa chamada MetriGear, que já desenvolvia uma tecnologia para medição de potência através dos pedais. O sistema apareceu pela primeira vez na Interbike de 2009, e era previsto para ser lançado no começo de 2010. Um ano e meio mais tarde e a Garmin indica que o lançamento do chamadoGarmin Vector será em março de 2012.
Os rumores indicavam que o sistema custaria menos de US$1.000, mas parece que infelizmente ainda não será dessa vez que teremos um bom medidor com um bom custo benefício. Na semana passada, durante o AusbikeExpo, a Garmin anunciou que o sistema provavelmente sairá por R$2.500. Nessa conta não tem o receptor, que pode ser um Garmin 500 ou 800, que sairá por uns R$600. Acabou que, em termos de custo, a Garmin ficou acima do sistema da PowerTap, mas ainda está bem abaixo dos modelos da SRM.










O sistema funciona da seguinte forma: eles criaram um pedal parecido com o Look Keo, que tem na parte interna uma série de tensores que captam os dados produzidos em cada pedalada. O transmissor fica acoplado na base do pedivela, junto com o pedal, e transmite os dados em ANT+ para receptores Garmin 500 e 800. A precisão é de +/- 1,5%, o que similar aos dos melhores medidores.
O mais interessante é que você pode avaliar a potencia produzida por cada perna separadamente, bem como a potencia total. Ainda, o peso do sistema é algo a se considerar. Para os aficionados por peso, esse sistema adiciona apenas 50g no conjunto, enquanto os medidores tradicionais (leia-se: powertap) podem adicionar até 500g. Outro ponto positivo é a facilidade de trocar os pedais entre diferentes bicicletas, sem a necessidade de nenhuma configuração adicional.
O ponto contra – e para mim este é um grande porém – é a alta exposição dos pedais a quedas e tombos. Em qualquer queda, ou até mesmo uma subida mal calculada em um meio-fio, o pedal é sempre um dos que mais apanham. Resta saber se essa vulnerabilidade dos pedais irá influenciar os dados gerados pelo sistema. Gastar cerca de R$2.500 em um medidor de potência e, no primeiro giro, ter a leitura dos dados comprometida porque você sem querer esbarrou o pedal no meio-fio não é algo que deixaria nenhum de nós feliz. Ainda mais ter que, depois disso, tirar os pedais e despachá-los para uma assistência técnica sabe-se lá aonde.
Portanto, resta saber como será a durabilidade desse sistema no uso diário, e se o próprio dono será capaz de fazer ajustes/consertos básicos em casos como esse.
De qualquer forma, mais uma possibilidade no mercado é sempre uma boa. E se esse sistema for, de fato, resistente as pancadas e preciso, é uma bela evolução dessa ferramenta. Só falta os preços começarem a cair de verdade.

Fonte: Cycling Rocks

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