terça-feira, 4 de outubro de 2011
Um pouco da história de Anésio Argenton
Nascido em 14 de março de 1931 na cidade de Boa Esperança do Sul-SP, Trata-se de um dos maiores ícones da modalidade no país. Ao lado de grandes nomes do ciclismo brasileiro, como Mauro Ribeiro, vencedor de 1 Etapa do Tour de France em 1991, maior Prova Ciclística por etapas do mundo, e de Murilo Antônio Fischer, 5º colocado no campeonato mundial Elite de 2005 em Madrid, Anésio Argenton é, sem dúvida, uma lenda viva do ciclismo brasileiro, presente aqui hoje para nos contar um pouco de sua história e de sua carreira, sua dedicação, conquistas, desilusões, curiosidades, alegrias e dificuldades encontradas em sua época.
Trata-se, nada menos, do que do melhor resultado do Brasil na história das Olimpíadas em provas de pista (velocidade), 5º colocado nas Olimpíadas de 1960 em Roma e o único medalhista de ouro de Jogos Panamericanos na história do país, 1959 em Chicago, dentre diversos outros títulos sulamericanos, brasileiros e de Jogos Abertos - maior competição poliesportiva da américa latina.
Considerado um dos 100 maiores atletas do século passado pela revista Época, edição especial das olimpíadas de Atlanta em 1996, Anésio Argenton é aposentado da antiga Estrada de Ferro Araraquara e vive em Araraquara com sua esposa Antônia e suas filhas Márcia e Marisa. Desde menino, reside em Araraquara e ainda bem jovem, começou a praticar o ciclismo pelas estradas de terra da cidade, onde começou a se despontar em competições pelo interior do Estado e, logo em seguida, dado o seu enorme talento para o pedal, partiu para o mundo, levando o nome de Araraquara, inicialmente o nome da Associação Ferroviária de Esportes e posteriormente da empresa Caloi S/A, maior fabricante de bicicletas do país e patrocinadora de uma das melhores equipes brasileiras até os dias de hoje, para o mundo.
CARREIRA – o início
Anésio Argenton começou a praticar o ciclismo por iniciativa própria, e também incentivado por alguns outros ciclistas da cidade de sua época, como se a “sábia mãe natureza” já soubesse de seu pontencial e o que o futuro lhe reservava nesse esporte. Pedalando com uma velha bicicleta de pneu “balão” por estradas de terra, dividindo o seu tempo entre o trabalho de entrega de mercadorias de um armazém da cidade, logo começou a se destacar nos treinamentos e, iniciando nas competições, não foi diferente. Vestindo a camisa da Ferroviária, venceu inicialmente várias competições pelo Estado e devido ao seu destaque, logo recebeu o convite para competir pela equipe da Caloi, em São Paulo, ao lado de grandes ciclistas brasileiros como Roberto Barbosa, Antônio Alba, José de Carvalho, Cláudio Rosa, Luís Carlos Flores, entre outros, onde trilhou a maior parte de sua carreira conquistando alguns dos maiores triunfos da história do país. Naquela época, ciclismo profissional não existia, de forma que continuava a dividir o seu tempo entre os treinos e competições, e seu trabalho junto à antiga estrada de ferro Araraquara.
CARREIRA – anos dourados
Dado a extrema dificuldade para se realizar os treinamentos, devido ao fato de praticamente não existir estradas asfaltadas para treinar, bem como a maioria das competições serem realizadas em paralelepípedo e terra, as bicicletas utilizadas serem incomparavelmente inferiores aos dos demais adversários estrangeiros; os feitos de Argenton no esporte tornam-se memoráveis. Somado a tamanha falta de apoio, viagens longas, falta de orientação, apoio técnico e físico de sua época no país, as conquistas de Argenton tornam-se ainda mais admiráveis. Jamais houve um “velocista” no ciclismo brasileiro de maior destaque do que Argenton, cujos feitos ainda levarão décadas para serem superados. Anésio Argenton brilhou e reinou absoluto no país do final dos anos 40 até início dos anos 60. Vamos a eles:
Jogos Abertos: (Venceu praticamente todos os que competiu, prova de KM contra o relógio):
- Rio Claro em 1949;
- Jundiaí em 1950;
- Ribeirão Preto em 1952;
- Sorocaba em 1954;
- Piracicaba em 1955.
Campeonatos Brasileiros (Velocidade):
- Florianópolis em 1952;
- São Paulo em 1954/ 55/58.
Campeonatos Sulamericanos: (Km e Velocidade):
- Uruguai em 1952 – Medalha de Prata
- São Paulo em 1954 e 56 – Medalha de Ouro
- *Venezuela em 1959 – Venceu a prova de KM contra o relógio, mas não levou o troféu.
Jogos Panamericanos (Km Contra o Relógio):
- México em 1955 – 4º colocado;
- Chicago em 1959 – Medalha de Ouro;
- São Paulo em 1963 – Medalha de Bronze (com uma enorme furunculose na virilha).
Olimpíadas (Velocidade e Km contra o relógio)
- Melbourne em 1956 – 7°colocado (velocidade) e 9° (KM);
- Roma em 1960 - 5º colocado (velocidade) e 6° (KM);
Curiosidades
No campeonato Sulamericano de 1959 em Caracas na Venezuela, o recordista mundial, um venezuelano, estava com o melhor tempo da prova do KM contra o relógio até o último atleta a largar, o brasileiro Anésio Argenton. Argenton pulverizou o tempo do venezuelano vencendo a prova, deixando o velódromo da cidade de Caracas a um silêncio fúnebre. O troféu de campeão ele não trouxe, porque simplesmente já estava gravado com o nome do campeoníssimo local...
Nas Olimpíadas tanto de Melbourne em 56 quanto na de Roma em 60, Argenton não contava com nenhum tipo de apoio, nem massagista, nem técnico, nem sequer alguém para segurar a sua bicicleta para a partida da prova do KM contra o relógio. Mesmo assim, obteve a 6ª colocação na prova do KM em Roma. Nessa Olimpíada, a de Roma, o pai do grande boxeador Éder Jofre foi o seu prestativo massagista...
Dias Atuais
Aposentado do esporte de competição, por assim dizer, desde o final da década de 60, Anésio Argenton continuou ligado ao ciclismo, colaborando com seus conhecimentos como coordenador de equipe e dirigente esportivo da equipe de Araraquara, cidade essa que possui enorme tradição nesse esporte, obtida também através dos tempos por grandes nomes do pedal, como Adolpho Fécchio, falecido aos 76 anos em 2001, que por 18 vezes foi campeão do interior em provas de resistência, Edegar Domingos Branco, Belletti, Schultz, Rubens Paúra, entre outros, posteriormente sucedido por Osmar Mastriaga, e Cristóvão Marinaldo Monteiro, respectivamente nas décadas de 70 e 80, e por Elivelton Pedro, Luís Fernando Berto, Luís Augusto Maquioli e Cléber de Almeida Gomes, entre outros, nos anos 90 e atuais. Recentemente, cabe destacar o nome do garoto Thomaz Antelmo de Souza, grande revelação do ciclismo paulista, também da cidade de Araraquara.
Argenton trabalhou por muitos anos com sua bicicletaria, hoje desativada, no bairro de Santa Angelina, na rua São Bento, defronte a sua residência. E por muitos anos sua história de vida e sua carreira serviu de exemplo para o surgimento de toda uma geração de atletas e esportistas, não somente do ciclismo
Vitorioso no esporte e na vida, Anésio Argenton superou um câncer nos intestinos, que reapareceu a dois meses,provocando sua morte.
Argenton foi homenageado pelo Comitê Olímpico Brasileiro no ano de 2001 na Escola Naval do Rio de Janeiro, no “Prêmio Brasil Olímpico”, onde foram homenageados parte dos maiores atletas brasileiros vivos de todas as modalidades na história das Olimpíadas, cuja placa de homenagem ele traz hoje consigo, juntamente com sua bicicleta marca Cinelli fabricada na Itália especialmente para ele, com a qual obteve grande parte de suas conquistas.
Finalizando
Anésio Argenton tornou-se um ícone do esporte nacional e mundial, por sua carreira memorável marcada de fatos intrigantes e da extrema dificuldade de sua época. Em seus feitos internacionais, a qualidade, tecnologia empregada, o peso das bicicletas para velódromo dos demais adversários de outros países eram incomparavelmente melhores do que as que ele utilizava; sem técnico, sem preparador físico, sem massagista, sem auxiliar, sem ninguém. Por tudo isso e pela sua história fascinante, por ter levado o nome de Araraquara com o êxito de seus feitos esportivos nos principais eventos esportivos do mundo, Argenton ocupa um lugar de destaque no hall das grandes personalidades de Araraquara, como Ruth Cardoso, Ernesto Lia e Mestre Jorge, Careca, Luís Antônio e Zé Celso Martinez Correa e Inácio de Loyola Brandão.
Fonte: http://blogdebicicleta.blogspot.com
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