O Tour de France, atrás das olimpíadas e da Copa do Mundo, é o evento mais assistido/televisionado do mundo. A diferença é que ele é anual.
Sabe a disputa das capitais brasileiras para sediar os jogos da copa do mundo? Imagina isso todo ano. É o que acontece na França entre as cidades do interior tentando sediar as largadas e chegadas do Tour. São 36.000 prefeitos lutando por uma chance. Ou 35.999 considerando que Paris terá sempre lugar cativo.
Algumas cidades conseguem elaborar uma boa estratégia de marketing para promover seus produtos. Outras buscam apenas reconhecimento e aumento do fluxo de turistas. A cidade de Besançon, por exemplo, irá sediar o primeiro contra-relógio do Tour do ano que vem. Ela é conhecida como a capital francesa da produção de relógios. Usar um evento global como o Tour para promover o reconhecimento e desenvolvimento do seu mercado de relógios é uma excelente estratégia.
Em reportagem no Le Monde, prefeitos de várias cidades francesas exaltam a possibilidade de sediar uma etapa. São categóricos em afirmar que o desenvolvimento proporcionado pelo Tour é enorme. Talvez para nós, que estamos de fora, seja difícil de entender. Eu mesmo não lembro o nome de nenhuma cidade, só das escaladas mais clássicas da prova. Mas as cidades usam a fama adquirida para fazer propaganda de pacotes turísticos ao redor da França, durante o verão europeu. Apesar da caravana do Tour em si não gerar muitos dividendos, a fama criada ajuda a atrair turistas antes e depois dos eventos. Pelo menos é isso que os prefeitos defendem. Usar o Tour como ferramenta para reeleição também é procedimento comum nas pequenas cidades.
Mas o dinheiro envolvido para ser sede da largada ou chegada de uma das etapas é, na maioria das vezes, substancial. As cidades pagam à ASO cerca de 90.000 euros para sediar uma chegada, e 50.000 para as largadas. Algumas estradas têm que ser recapeadas, e os custos podem ser ainda mais altos.
A etapa 7, que terminará na estação de Ski Planche des Belles Filles, tem em seu final uma rampa de 20% de inclinação, com 250m de comprimento. Os caminhões que abrigam o pódio e os equipamentos de televisão não têm espaço para subi-la e estacionar no topo. Para resolver o problema, o prefeito prometeu investimentos de 500.000 euros para asfaltar uma área próxima para acomodar toda a produção do evento.
Quando a sede é fora da França, os preços também aumentam. Para levar uma etapa para a Suíça, as autoridades suíças calcularam o custo tal em torno de 720.000 euros. Estima-se que o investimento necessário para organizar a largada em Londres, em 2007, foi da ordem de 10 milhões de euros. Mas parece que os benefícios gerados foram ainda maiores.
Estimar o custo para sediar umas das etapas é bem mais fácil que estimar os ganhos advindos dessa organização, que podem se estender por meses e são difíceis de determinar, em termos monetários. Ainda assim existe uma fila de mais de 3 anos de cidades se candidatando para sediar uma etapa. Vive le Tour.
Fonte: Cycling Rocks
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