O ciclismo brasileiro está de luto. Morreu na noite desta segunda-feira, em Araraquara, Anésio Argenton, um dos principais nomes da história da modalidade e dono de grandes marcas nos anos 50 e 60. Seus feitos mais marcantes foram o ouro Pan-Americano de 1959, em Chicago, única vez em que o Brasil chegou ao topo do pódio no principal evento das Américas, e o 5º e um 7º lugares nas Olimpíadas de Roma, em 1960.
Aos 80 anos, o ex-ciclista não resistiu às complicações pós-cirurgicas para a retirada de um tumor intestinal, doença com a qual lutava há oito anos. Anésio Argenton estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Paulo desde a última quinta-feira e seu estado clínico se agravou no final de semana, levando-o a falecer. Argenton deixa esposa e duas filhas.
Seu corpo está sendo velado no Velório Municipal, e seu sepultamento ocorrerá nessa terça-feira - 04/10 as 15:00h no cemitério São Bento, junto ao Velório Municipal, localizado na Rua Humaitá (rua Nove), atrás da faculdade de odontologia da UNESP em Araraquara.
A notícia foi divulgada pelos comissários da FPC, Weder Teixeira e Alessandro Giannini , diretores da Copa São Paulo de Ciclismo, que sempre acompanharam de perto os últimos anos do ex-ciclista. Abaixo, algumas das informações reunidas pelos dois e divulgadas à imprensa.
“Considerado uma das lendas do esporte brasileiro, com uma carreira brilhante, Anésio Argenton foi um dos maiores ciclistas da história da modalidade e do Brasil, para provas de Pista (velódromo), tendo sido o único medalhista de Ouro em Jogos Panamericanos, em 1959, em Chicago, e o melhor resultado do ciclismo brasileiro na história das Olimpíadas - 5º colocado em Roma, 1960, na Prova de Velocidade Individual e 7º na Prova do Km contra o relógio.
Venceu todos os Jogos Abertos que disputou, de 1949 a 1956, foi tetracampeão brasileiro de velocidade (1952, 54, 55 e 58), tricampeão Sul-Americano do Km contra o relógio e velocidade (1954, 56 e 59 - vice em 1952). Participou ainda das Olimpíadas de Melbourne na Austrália em 1956, com a 7ª colocação na prova de velocidade.
O ex-ciclista, que residia na cidade de Araraquara desde os 5 anos de idade, foi considerado pela revista Época por ocasião de uma matéria sobre as Olimpíadas de Atlanta em 1996, um dos 100 maiores atletas do século XX, tendo inclusive vencido o recordista mundial da prova do Km contra o relógio de 1959, o venezuelano Antonio Demichelli, no campeonato Sulamericano de 1959, em Caracas.
Já nos últimos anos de carreira, ainda obteve a medalha de bronze nos Jogos Panamericanos de São Paulo, em 1963, sempre tendo que superar todas as dificuldades e condições de sua época, sendo considerado por todos os especialistas como uma das lendas do esporte e do ciclismo brasileiro. Foi laureado pelo Comitê Olímpico Brasileiro no ano de 2001 na Escola Naval do Rio de Janeiro, no “Prêmio Brasil Olímpico”, onde parte dos maiores atletas brasileiros (vivos na ocasião) de todas as modalidades na história das Olimpíadas foram homenageados.
Anésio Argenton foi o modelo de inspiração para o emblema que a empresa Caloi (cuja equipe de ciclismo representou por quase dez anos) utilizou durante as décadas de 60 a 90, na frente de suas bicicletas, onde um ciclista saía da letra "L" com as mãos apoiadas no guidão, essa logomarca foi inspirada em uma foto de Argenton pedalando no extinto velódromo do Ibirapuera, na década de 1950, quando ainda representava a Associação Ferroviária de Esportes, de Araraquara. (foto que ilustra a matéria)
Desde o ano de 1998, ano em que recebeu o título de "Cidadão Araraquarense", Argenton recebe uma competição em sua homenagem, a Prova Ciclística "22 de Agosto - Troféu Anésio Argenton", realizada em Araraquara no mês de Agosto e válida para o ranking brasileiro de ciclismo, sendo Lei Municipal na cidade, e válida como uma das etapas da Copa São Paulo de Ciclismo, dos diretores: Weder Teixeira e do dirteor araraquarense e ex-ciclista e preparador físico Alessandro Giannini, também responsável por todo o resgate histórico da carreira de Argenton, o qual conheceu ainda na adolescência, sendo sua referência.
Anésio Argenton tornou-se um ícone do esporte nacional e mundial, por sua carreira memorável marcada de fatos intrigantes e da extrema dificuldade de sua época. Em seus feitos internacionais, a qualidade, tecnologia empregada, o peso das bicicletas para velódromo dos demais adversários de outros países eram incomparavelmente melhores do que as que ele utilizava; sem técnico, sem preparador físico, sem massagista, sem auxiliar, etc.
Por tudo isso e pela sua história fascinante, por ter levado o nome da cidade de Araraquara com o êxito de seus feitos esportivos nos principais eventos esportivos do mundo, Argenton ocupa um lugar de destaque no hall das grandes personalidades do município, como Ruth Cardoso, Ernesto Lia e Mestre Jorge, Careca, Luís Antônio e Zé Celso Martinez Correa e Inácio de Loyola Brandão. Os feitos de Argenton no esporte foram memoráveis e dificilmente serão superados, tornando as suas conquistas ainda mais admiráveis.
Um dia antes de ser internado para a retirada do tumor intestinal, no dia 16 de Setembro, a equipe da produtora 7 Filmes/ GaroaFina Produções, de São Paulo, veio à cidade de Araraquara, juntamente com Alessandro Giannini, para fazer as primeiras filmagens e entrevista com Argenton, para o Filme/Documentário que está sendo produzindo sobre sua vida e sua carreira.
Os produtores estão aguardando a inclusão em um projeto, com o patrocínio da Petrobrás, sobre "Memórias do Esporte Brasileiro", cujas produtoras procuram os maiores ícones do esporte nacional do passado para fazerem um filme. Independente desse projeto, a produtora viabilizará o filme por condições próprias, sendo que a história de Argenton foi a que mais chamou a atenção dos produtores.
Em nome de todo esporte e do ciclismo brasileiro, os mais sinceros sentimentos e condolências à sua família, parentes, amigos e admiradores, todo conforto e consolo pela perda do nosso grandioso Anésio Argenton".
Descanse em paz, grande campeão!
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